terça-feira, 22 de julho de 2014

Vício

Há tanto já escrito
que é preciso nada dizer,
como diz o Dito:
quem Quintana sempre Leminski...
Por esse motivo torpe de poetar
muita nobreza já se derrubou,
por mode papel engendrar.
Mas a abstinência de verbo
me faz sempre pecar
contra o papel que insiste
em me corromper e vexar.
Um velho tronco apodrecido
num igarapé mode carás,
quer valer mais que um Drummond,
que um Cabral ou qualquer Mané sei lá...
Um rio que escorre seu dorso
sabe mais que um qualquer
com manias de poetar.
Assim sendo, o oficio de rimar
é o mais vil e mesquinho
que nos leva sempre ao cadinho
deste vício a nos perder
de viver e descrever...