sábado, 15 de novembro de 2014

Jatobá

Jatobá não tem pressa.
Tece sua pedra-fruta como quem já sabe,
em sua pele cascarosa aquiesce uma lição:
O adensar-se demorado, mojando a carne.
Amigo de antas e cotias vespertinas,
ele sabe seu tempo e não desespera o doce.
Herdei de minha avó, que com o olho no natural
aprendemos o homem em seu fazimento.
Sua sabedoria era menos do etéreo
que das coisas chãs, de raízes e telúricas.
Dela aprendi a desfaçatez do macaúba solteiro,
que desdenha pasto e sobe pra ver o bem longe,
deitando no chão um lastro de coquinhos amarelos.
Casca de pau também é fértil pra poesia;
Sempre tem uma orelha de pau lírica no eito.
De todas os grotões do mundo
só o cerrado me entorpece cedo.
Acho que me inaugurei em pé de serra,
no Marracabelo,onde desvendei o inútil.
Minha sina tem sido aprender a várzea,
o lajedo, a pedra esverdeando no leito,
rastro de anta quando alúa mode pegar cria,
dessas coisas que não tem serventia útil.
Me pespegam sempre ideias de limbo,
de trieiros e guaviras amanhecidas,
dessas coisas que em outubro ensejam
um mundo que se refaz do homem.
Im`antes do homem se inventar
o monturo tinha sua própria lei
e o mais era o ir e vir do vento
levando o cio, trazendo semente.
O que regulava era o caos do verde.
Agora bicho tem tenência e arreceio
que o mato já tem dono e cerca...