O homezeco entrou no salão apressado,
trazia chocalhos, guizos e a escarlata,
trajava vestais de escândalo e pantomimas
e começou seus mambembes célere,
com esguichos, parolas débeis
e notória algazarra.
Ora zurrava como um asno,
ora mugia, ora paroleava.
A audiência a princípio desdenhou
e do esgar foram ao riso,
logo estavam às favas.
Ele sentia que a bazofia era boa,
dava saltos, bailava e esganiçava,
a grita o aplaudia e gozava.
Apitos, apupos e tiros
aos inimigos que inventava.
Foi assim por longo tempo
mas suas calças rotundas,
deixavam mostrar a genitália.
A certo tempo a turba empacou
pois viu-se detrás das cortinas,
as cordas que lhe alçavam...
Era um títere! Alguém o controlava.
Houve protestos, muita grita muitos gestos,
muita desdita e todos logo debandavam.
seu mestre vetusto se esquivava.
Mas derrubou-se o teatro
e o horror já se mostrava.
Todo de negro, besunto
seu corpo espinhoso limbava.
A cara horrenda, olhos saltados,
dentes de cão que grunhia,
nomes horrendos gritava.
Tudo se revelou,
tudo agora clareava.
Mas seu boneco insuflou!
Já tinha vontade, discursava.
Agora empunhava bandeiras
e ferros que balançava.
Seus partidários que dopara,
viam-no como antes,
um que tinha parolas,
que esperançava.
Arrebanhou para si aquelas pobres almas
e partiu ao ostracismo que a história lhe legara.
Mas outros vendo-lhe a bufa,
puseram de molho a barba,
aprenderam-lhe as astúcias
e cozeram-se para si fardas,
vestiram-se de devotos discípulos
e deram-se com vigor à charla.