terça-feira, 4 de outubro de 2022

Poetas

 O poeta é um amante do belo

da natureza, da nobreza

e ama tanto, tanto

que tanto, enterneceu-se...

Tomou para si um canto de pássaro 

e o reteve em seu quintal,

em uma linda gaiola, munida de grãos,

sementes e água limpa.

O pássaro feliz canta

seu canto de desterro...

Velhos...


 
Velhos estão sempre alforjados
de alguma valia e desvalia.
Sempre à mão uma sacola colorida
donde recolhe seus achados,
arruelas, parafusos, cordões
que sempre serão imprescindíveis.

O tempo curvou-lhes a cerviz 
e agora seus olhos gastos veem
o chão e seus tesouros.
É no chão, na terra que ele se reconhece,
seus destino, sua origem e seu fim.

Olhar para cima nada lhes acrescenta,
o éter é para os loucos e poetas
que veem na amplidão razão e significado...
idiotas!É no chão que está o fluido...
Anseiam pelo abraço telúrico,
pelo calor de Gaia, eviterna.

Mãe que apodrece as vilezas,
desditas, honras e sordidez.
Senhora das horas, dos príncipes,
de toda beleza e todo feiume.

Sheol de todas as palavras,
guardiã de poemas e crenças...
O velho vai ensejando vida,
desterrando nomes e histórias
que o piso calcado vai puindo...

Segue seu curso indeciso mas infindo
com os pés bem fincados em seu chão...