Sou pessoa
de gravetos e besouros,
coleciono
folhas e sementes
e tenho uma
orelha de pau amarela.
Um saci me
deu um apito de pena,
diz que
chama anta e desvia vento.
Tenho ideias
para grilos marrons
e formigas
de Embaúba mole.
A estradinha
que entortou a tarde
é o meu
caminho para a eternidade,
no
lusco-fusco das manhãs eu medro
entre uma
casca de pequizeiro
e a sucupira
prenhe que solta bagos.
Minha alma é
cascarosa e áspera,
tem estames,
limbo e veios.
Um urutau me
ensinou um toco,
enganar a
morte é arte de esgueirar-se,
de folhar-se
e escutar o quem-quem avuando.
Sou raso, e
guardo burburinhos no bolso
mode dormir
um regato na noitinha
quando évem
gorgorejando a lua.
Tenho pressa
não, ambições de sereno
e um
calanguinho que escondi,
onde o sonho
é sempre vívido,
onde deito
meu cansaço, meu temor,
onde não
tenho possessão nem desejo,
só o som de
aluviões e um vento besta,
que
desalinha folhas e pedrinhas inúteis.