quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Mundos

 Sinto falta dos grilos,

da vermelhura negra de joaninhas.

Onde estão as borboletas?

Não avuam mais as mariposas?

O povinho miúdo esquivou-se

e as noites são limpas.

Só o chorume mole do metal,

aquele moto contínuo de engrenagens,

luzes onde devia alumiar a lua,

ou simples negrura...

Capiaus são almas binárias,

não sabem mais o canto da Gia

e pererecas são E.Ts assombrados.

Quando eu meninava no eito do mundo

na longínqua Rondônia,

onde o sete-pernas campeava suas botas,

eu sabia de cor o tau-tau do sapo martelo.

No de manhã, o tisiu assuntava toco

no seu canto-pulo, e azulava no mundo.

Esse mundo roto, mundo de aço,

mundo de gentes curvadas sobre o santo totem da luz que encandeia,

como a sucuri quando ensaia abraço.

Nesse mundo oco não cabem mais  vaga-lumes nem cigarras encantando paus.

Centopéias e Marias-fedidas secaram,

inté gambá virou assombro...

Quedê o bate-bate do grilinho marrom?

O louva-Deus é finado?

Tem base um trem desse?

Tem não sô, por mode que é tudo lógico,

tudo não faz conta nesse mundo outro.

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