Olho para a face de minha mãe
E vejo nela, a bocarra do tempo
Com seu pelo hisurto
olhos vermelhos de ira paciente
Esperando nela, o desalinhar-se
Para decompor-lhe os gestos,
A voz, o tracejado, que a vida
Inconsequente lhe fez tingir.
Não penso nele em mim acossado
Por que de onde estou não lhe vejo o cenho
Cerrado de ódio e indiferença, ávido
Por consumir-me nela, pelo oposto
Que sem poder algum, impotente
Assisto seu riso amorfo, quase esgar,
Tragando-me a memória da tez alva,
Da inspiração vital, dos sonhos encanecidos.
Absorto que está em seu ofício de desalinho
Adia-lhe o opróbio por gosto em ver
Seu trabalho tão bom e especializado,
Que consumiu Reis, cavalos e cavaleiros
Que devastou impérios e eras
Que encerrou amores e vendetas,
Não fazendo caso de honras e vultos
Desfazendo concílios e cizânia
Com o mesmo descaso e eficiência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário