quinta-feira, 26 de julho de 2012

Agosto

Já é quase agosto
e tudo já sabe seu tempo.
Tempo de se medir
a grandeza das coisas ínfimas.
O chilreio do pardal nas copas quase sombra,
o crepitar do capim já quase seco.
É mês de agosto e todo pau seco já sabe,
todos os viventes. A pedra, a gia, o calango,
todos já sentem o hálito frio do mês de agosto.
Os mourões, o gado, a lagoa pensativa espera.
Os pequenos arbustos tecem folhas amarelas,
enquanto formigas doidas se cumprimentam.
É em agosto que as coisas empoemam
e em minha casaca um velho menino desperta
para cheirar o dia e comer as estradas antigas.
A profundidade me alcança como orvalho,
me embrenho em sua densa névoa
de lanpejos, perfumes e texturas memoriais.
O mês de agosto me consome e me renova.
Tenho esperanças inacabadas.
Touceiras de palha, casa de barro.
Um besouro atleta sai de seu olho telúrico.
Deve ser dia de casamento de raposa,
Chuva rala e sol nubente namoram no horizonte.
Queria que nunca mais acabasse,
Que o mundo terminasse em agosto.


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