terça-feira, 22 de outubro de 2013

A tropa

O tamanduá mirim escuta o cheiro na lonjura do valado
vai passando, tem pressa: Assunto de cupins e formigas.
-Na casa do véi papudo tem três moça bonita pronta!
No de noite alumiam as barras da saia com alvoroço.
No pouso do gado, o velho forniqueiro põe língua em tudo,
aumenta pasto, guampa e valentia em cordéis sem fim.
Sete dias no eito. Sol, chuva e cantoria vai tinindo vaca.
Voz de gado amansa o coração cansado e arvorece.
-Eram cinco no comboio daquela vez eu alembro!
-O ponteiro? era o Vardi sempre massarando o fuminho!
-Venancio era o culateiro e fazia um boião arvorado!
-Cumpadi Venicius? Esse era meieiro e proseador bão!
-O fiador era um não sei quem mais o outro treiteiro!
É chuva? Capim margoso vai cacheando as cepas viçoso.
O coração tangedor vai assuntando o rancho
e o vislumbre das moças vai puxando a tropa debalde.
Na toada da vida, o garrão do homem também se doma.
Amolece em vestidos que guardam segredos vestutos.
O fiar vagaroso do fumo no papel pardo não barulha
é sinal da boia que enche, enche, enche o ar respingoso de janta.
Charque, depois café e um pito intermitente na velha rede.
No claro do dia já vai longe o pensamento, aboiando,
saudadejando uma lembrança turva de coisa boa que ficou
na poeira da boiadeira. O mundo não tem pressa.
Saudade é uma felicidade tecida em dorzinha fina
que vai catucando um montinho de alegrias passas.
Mas vaca não tem lembrança, só de sal e do riachinho
que vai merejando a jornada infinita para o mar...

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