segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Disléxico

Querem botar ordem em minha pessoa,
me organizar, colocar medidas de homem
mas não sou mensurável.
Estou na terceira pessoa o tempo todo.
Ainda brinco de ser gente grande
mas sempre erro os combinamentos.
Estou mais para embaúva que cerejeira
e sou habitado por formigas de fogo.
Sou oblíquo e me apaixono pelo feio
sempre que a beleza me oprime.
Mas samambaia tem tendência e métrica
por causa de que quer ser gente.
Uma mulher bonita é como borboleta-folha
se você segura, ela morre de beleza.
Mas isto não sou eu de verdade não,
meus descaminhos me perderam de mim
e só me encontro no fim das palavras.
O amor é meu medo mais profundo
porque me sulca para paragens de águas
onde me crescem flores inalcançáveis.
Acho inutilidade mais fácil que o uso,
casinha de marimbondo solteiro é perícia,
mas habilidade para o inútil tenho de sobra.
Sei fazer uma coisa inexplicável
que não serve pra nada e desarranja.
Se você não gosta de mim, me desocupe
deixe aberta a porta pra entrar passarim
vou compor um acorde passaral
e escrever um poema disléxico.

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