segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O anúncio

O sol põe-se a espiar o mundaréu
por detrás do morro que sustenta o céu.
É nascente e évem sestroso catucar o sono,
mode derrubar as últimas gotinhas da guanchuma renitente,
vaca tosa tudo que verdeia e manda pro bucho.
Sopra com as ventas e depois arremata os cotocos,
deixando no ar um cheiro esverdeante.
O inverno já vai arretirando seus arreios
mode a primavera pintar o chão de amarelo.
O chapéu-de-frade inda não marelou flores
(mas é já já que vem o disgunverno do tempo)
Na casa feita em baixo de um angico torpe,
sapo anuncia as últimas chuvas se arrumando.
Desconfio; A gia diz que é certeiro o agouro.
Sou um homem da ordem das miudezas,
valorizo o namoro de grilos e gafanhotos. Confio!
O jãodebarro persegue o cri cri rasteiro.
Suas empresas são: Assuntar olho de pau
e bisbilhotar a gente rala que mora na grama.
O dia começa a derramar sombras no grotão
e a cantoria agora virou matinada
no entorno da hora da borrasca,
um diz que cedo, o outro: -É noite!
Há quem pergunte, há quem afirme,
mas no angico o radio diz que é tarde.
O povim rasteiro sempre sabe d’água.
Atras do morro manchas alaranjadas
Vão dando ao lusco-fusco tons de ocaso.
Um hálito resfriento subido do grotão,
da aviso de frescura que despega
e o gado já se reúne mode a prosa.
Pagaios agora pintam o céu de negro,
vão preparar o verde do dia seguinte.
No angico o locutor já parece bêbado,
sua voz molhada já troveja no horizonte
e as primeiras gotas dão aviso urgente:
Chuva, chuva.

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