quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Nexo

Se eu pudesse empassarava
Mas é inútil essa minha querência de bicho
sou homem me desumanizando,
coisando, estou destonando.
Quanto mais olho o torto,
mais o torto me parece torto.
Não dou sentido aos contruidos
tomo parecer no despropósito.
Um pardal idiota
fez um ninho tosco
em minha casa idiota.
Estou desentendendo.
Moscas inúteis fazem seu zunido inútil
em meu quarto inutilmente limpo.
Tenho um casal de amigos gente
que limpa sua casa todo sábado.
Tudo parece tão importante.
Eles têm líquidos azuis, em variados tons.
Imagino que sejam fluidos celestes
para assepsia de coisas e descoisas.
Conheço outro que trabalha,
tem um que estuda e planeja.
Uma está para parir, aquele foi à praia.
Outro comprou carro novo.
Um vai à igreja, o outro de férias.
Sei de um que morreu sem nome
e o nascido ganhou nome e sobrenome
Se pudesse desmanchava o feito.
Quem me dera beber um pouco de lucidez e esclarecimento.
Estou em reforma, mas não tenho planta
nem largura, nem altura, nem profundidade.
Ando oco e sem fundo.
Minha alma se descostura lentamente
apesar de as coisas estarem todas
no mesmo lugar em que deveriam.
Tudo segue seu passo
inexoravelmente sem nexo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário