segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Uma fábula sobre um vaso

Um vaso com hipóteses, com ideias
enquanto é moldado, ou na queima
ainda imaturo, um vaso nascente
enquanto seca, sob o sol de agosto
é botija já corrompida, já é vaso inútil.
Sim porque um vaso não deve pensar ou querer
Não deve sentir ou imaginar outra instância.
Um vaso aquiesce simplesmente por não ser.
Enquanto seu feitor o pinta e decora
ele se pergunta por que foi feito.
Considera seu feitio, como se pudesse.
Apesar de vaso, quer-se ente.
Estúpido vaso de coisas inúteis.
Ele vê outros vasos, uns piores, uns melhores.
Mesmo assim quer saber porque sua feitura,
não compreende a mente de seu feitor
e roga-lhe que não o faça,
porque ele sabe que em fazendo-o
um dia terá que ser desfeito,
ele não quer ser desfeito,
quer apenas desesistir.
Pensa em sua cabeça oca
que talvez se ainda fosse informe,
se fosse meramente pó, ele não seria.
E não ser deve ser um grande privilégio.
Mas nalgum lugar de sua recôndita forma
nalguma fresta, nalguma ranhura
Ele teme ofender o feitor.
E permanece em sua imobilidade.
Vaso de vasos, de estranha figura.
Vaso tosco e de pouca utilidade.
Vaso de guardar memórias esquecidas.
Vaso velho, oco, vaso deixado num canto.

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