quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Brenha.

Lidar com palavras é mentir-se,
é investigar espinhais, é coser-se
e descoser-se de juazeiros.É entornar o querer,
é derramar-se as entranhas na pedra quente.
é matéria de ferver-se em panela de barro
Em que o barro já moldado, já queimado
queima e molda de novo o novo.
Vestir-se de palavras é besuntar-se de estradas,
é a lida do vaqueiro de couros nas brenhas,
é oficio de seringueiro, de pantaneiro.
Mover-se na escuridão de verbos fugidios
e domar idéias que são réstias de luz
sobre uma folha seca adormecida,
é ver beleza no sórdido, é gozar com telúricas.
Quando eu era menino, comi uma casinha de barro
feita por um besouro flamejante e sonoro.
Tinha gosto de antigamentes, de historias.
Guardo no ventre de minhas memórias
este sabor terreal, esse tom de infinitudes.
Nesse tempo eu era domado por palavras,
Eu não as tinha na língua, mas as sorvia
sequioso como se fora sorvete de groselha.
Aquele menino que vai olhando pra trás
sou eu mesmo quando era sábio,
era profundo como o poço de Jacó.
agora sou raso, hiante.
Aquele menino que não me reconhece nele,
admirado com minha sua estultícia vai sumindo.
Entre nós há um abismo de idéias e nomes.





Ele leva consigo o segredo das minhas palavras
O mistério de toda poesia e sensações d’alma.
Fico só, em meio a xique-xiques e um Juá interrogativo,
estou entrelaçado por caraguatás verbais...



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