domingo, 2 de dezembro de 2012

Famélico.

Estou vazio como um sonho esquecido
minha mãe é a escuridão
meu pai o éter.
Não sei qual é minha mão direita
não conheço minha mão esquerda.
De onde venho não tenho memórias
pra onde vou não sei o caminho.
Idiotas com diplomas apontam direções,
dão-me receitas curativas.
Eles, mesmos, os idiotas!
Tateiam na escuridão .
Não sei se estou nu ou vestido
estou apenas, e não sou guiado por nada.
Sim, sigo meu ventre,
estou preso aos meus intestinos.
Minha sobrevivência é a mais importante
de todas as coisas que tenho.
Não tenho nada, seguro-me firmemente
no desejo desesperado de viver
e à incerteza da morte tão certa.
-Porque você me olha e balança a cabeça?
-Estúpido! Acaso sabe pra onde vai?
-Não! Você apenas acredita que sabe!
Me deixe ser esta estranheza
e se embriague na sua própria.
Vamos continuar... trabalho, família,
comida, ódio, amor, disputas,
perdas, ganhos, choro, riso...
É o que somos.
Não somos nada.
-Desculpe!
Se você acha que é, apenas continue.
Não olhe pra traz. Não me veja.
Não me estenda a mão,
a escuridão nos envolve calmamente.
Compre seu carro, construa sua casa
faça alguma coisa grandiosa
pra não ser esquecido depois de apodrecer.

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