sábado, 20 de agosto de 2011

Os atores

Somos os atores da vez
Os outros já partiram
deixaram o espetáculo
não veem mais campos, vales
não ouvem mais o som das folhas
quando o vento as balança e caem.
Não sentem mais a textura da terra sob os pés.
As palavras não tocam mais seu íntimo.
Apagaram-se as luzes e entramos.
Acreditamos que estamos bem
Que tudo o que fazemos é necessário.
Os outros já pensaram assim, mas passaram.
Não ficou nada, nada permaneceu.
Somos os atores e espectadores de nós mesmos
a pantomima é automática.
Mas todos temos consolos e respostas,
temos boas pílulas, bons motivos.
Precisamos deles para continuar.
Há os dissidentes, os seguros,
Os que enxergam além dos olhos,
os pragmáticos, os céticos,
os que dizem: foda-se...
Os crentes, os quase incrédulos,
os que criam, os que destroem,
Os que nada sabem, os parvos
Os geniais, os cruéis, os bons, os torpes.
Os que compram e vendem esperança.
Todos com os olhos nos próprios pés.
Pais, mães, filhos, presos, soltos,
Senhorios, hóspedes, infelizes.
Todos no mesmo triste show,
Dirigidos pelo instinto desesperado de sobreviver.

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