segunda-feira, 1 de abril de 2013

Baleiro.

Evém o baleiro
évem o nêgo seu Dodô
évem trazendo sonhos e alegrias
em seu tabuleiro de cor.
Eu menino de igarapés e trieiros
amava de longe aquele nêgo
com sua calça branca em chinelos,
um de cada cor, reluzente ouro nos dentes
e guarda-chuvas azul, rosa e bordô.
pendurados em sua tábua fornida
de imbuia, cravejada de odor
vinham além disso, mistérios açucarados
aventuras de gibis e aquela antiga dor.
Hoje a conheço bem, fui me fazendo homem
deixando de lado a quimera, pra de vera
inventar um adulto, um ator.
Mas o nêgo Dodô, era tudo:
Era menino nas canturias, era homem
pra contar a grande valia, que trazia
em seu baleiro de cordéis de amor.
Era cambaio o nêgo, era um corisco
em historias de mal-assombros,
enquanto contava "uns conto"
versado em Pai da mata, Pé de garrafa
e Curupira, o nêgo em tudo era dotô.
E quanto mais fundo a alma ia,
embrenhada em matas e grotões
mais depressa derretia
o pirulito queimado que vendia
o nêgo valente, o Dodô.

Nenhum comentário:

Postar um comentário