sábado, 27 de abril de 2013

Sabedoria da Itaúba.

Me atrai o tosco, o fosco,
Sou dado a maiados, aos tordilhos.
Me visto do roto, do lampinado.
Tenho ânsias de brenhas, de picadas na saroba.
Acredito na verdade da itaúba velha,
quando senhora de cãs, avilta seu dorso de sóis e chuvas,
na tapera cheia de historias pra orelhas de paus.
Desconfio da pedra lixada, da cara polida,
esculpida em Carrara, lisa, domada.
A pedra não se doma, já dizia o João.
Mas quanto se pode aprender do desbotado,
da nódoa, da mancha que o caju da de lembrança.
Com o melado da fala acaboclada adoço minha prosa
e vou afiando, afiando a pena que cá dentro rima.
Coleciono ditos, causos e nós de peroba.
Tudo isso tem serventia na hora que dentro range.
É panaceia d’alma, é donde se apoia o coxo.
Quanta serventia tem a fresta, quando a réstia
vem trazendo a manhã que nunca desiste
e minúsculos grãos de poeira dançam sua sempre dança.
Quando o barulhinho dá água vem em seu andar riachoso
faz lembrar do café, do mate, do amargo de toda erva cheirosa,
pergunto a uma perereca amarela de tanto pensar:
-A vida das coisas, quem pode explicar? Quem entende?
A gia, o Urutau, a guanchuma, o saruê, o zaino que corre...
Eles sabem o rumo certo de toda traia do mundo.
Sabem ver no lusco-fusco, que a grama goteja solerte,
enquanto calangos põem um olho pra espiar o mundo
indagando se já deu hora de embaralhar as folhas.
Ela pisca comprido, já dando prazo pra pular,
dá uma mijada no páu e vai procurar serviço.
...
Povim besta.

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