domingo, 28 de abril de 2013

Receita de filhós.

Pegue uma Tia Chiquinha, ou Carmelina ou Maria,
sintonize em Índia, sua cantiga de cozinha.
Numa bacia de alumínio batido, rebatido,
amassado, ariado e bem polido,
coloque uma porção de polvilho, de ouvido.
(Deixe os olhos dos meninos pendurados na porta).
Em seguida, acrescente quatro ovos de carijó,
(se tiver azul é sinal de boa ventura)
mexa bem até ficar com cheiro de chuva.
Numa panelinha da dona Bela,
(aquela com cabo feito pelo vô Vicente)
acrescente água, açúcar, sal e um pouco de óleo,
embale como quem dorme criança em rede,
deixe ferver e escute dona Bela inventar
a historia do menino Roque, que não se podia chamar.
Acrescente na massa, e mexa até parecer alfenim.
Enquanto enrola os bolinhos, escute a doçura da Tia Chiquinha,
com sua voz afinada em terceiras, sua harmonia.
Frite os bolinhos em óleo quente e peça um café à Belinha,
quando ele fumega, chama alegrias, chamas filhos e netos
Cujos primogênitos são Antonio e Chiquinha.
Coma de olhos fechados, e gema um pouquinho,
Sinta toda a saudade, que debalde escorre na pia.

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