quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Natal

 Coisou o tempo em seu regaço,

um desalinho mansoso que foi crescendo.

Dezembrava e o festivo aborrece por modo.

-Causo que desde sempre é o mesmo,

prosa igual, tardejar noite na rua

e os tiros. -Eh gente carniça.

-Por isso não tem cachorro cristão.

Eis vão à igreja mode silêncio e gente.

Deita as fuças sobre as patas, 

solene, quieta o rabo e escuta. 

-Diz o povaréu que balançar o rabo

desde im sempre foi pecado mortal na sé.

A cantoria faz alerta o penitente.

(Quando eis canta, logo enchem a pança).

Peru, galinha e todo bicho que avoa...


Cá no mato é a mesma norma sempre,

dormir cedo e madrugar o mate,

vestir a farda dantonte, assuntar o vento

 e escutar o guagajar na matinha...

-Chuvarou bem nestempo,

João-de-barro atrasou a obra.

Já tem nuvem arruaçando no longe

e o dia foi e voltou tal e qual...

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