terça-feira, 13 de agosto de 2024

Fuleiragem

 Um poeta é um cabra desocupado

Veve de desinventar termos e desocupar palavras...

-Hum! Só enfiando bufa em cordão!

Que de comer não se ganha com escrevinhatura,

gavando beleza em toco e cor de cavalo...

Que preço vale um palavrório?

Quantos quilates tem gatunhar o osco?

Cara pra cima, como se o éter fosse ofício,

evocando voz em formiga e casca de pau.

Tem tanto eito pra capinar, tanta indústria,

tanta encargo de gente que cresce o mundo...

-Sujeito enfiado em pensamento e ócio à toa!

-É nisto que o mundo vem gira-girando!

Em se labutar o ouro e o pão, o viver vivido.

Não em fuleiragem de rima e toleima!

Não se vê ele em expediente de labor,

ajustar cognatos é coisa de somenos.

Não tem tenências em realidades;

Nem constrói, nem descontrói;

É pelego e gosta de louvores d’obra.

Toldado em seu mundico restungo,

Voicera fala de inseto e canto d’água.

-Eu por mim, de minha lavra

ponhava tudo era em serviço

Que é coisa de homem homem...

Nenhum comentário:

Postar um comentário