quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Aroeira

Conheci um fazedor de poesia.
Ele ia fazendo na prosa,
ia beradiano um assunto
vortiano, cismando e pimba!
Soltava aquela risada por trás dos dentes
enquanto no miúdo dos olhos me assuntava.
Lá no oco, envinha um certo desdém,
Medindo-me a mim, pachorra,
que nem cachorro que acuou carro.
(trotinho de dever cumprido)
Dizia, com a idéia lá no mundão sem fundo:
-Pessoar estudado! (pausa pra cuspir o fumo)
Mas da vida é chá de toco!
“não desvenda o por dentro,
o que tocaia nos rim, lá no figo”.
Eu cá, estúrdio, vejo romance.
Em riba do meu caixotinho
Boto medida, analiso, classifico.
Lida de boiada, manhas de burro bardoso...
Tudo contado bem miudinho.
Serventia de raiz de Sansão,
resguardo, malassombro.
Tudo investigado na ciência.
Eu assuntando auspicioso,
entre um gole de chimarrão
e uma análise morfológica...
Estanque no peito, um deleite.
Vou sorvendo os verdes, o amargo,
O esperançoso, o aflitivo, a seca,
A enchente, a derrama da farinha,
cavalo redomão que deu coice...
Tudo bem escrito e metrificado
no rosto recalcitrado, na pele rugosa
no poema homem, escanchado
numa aroeira domada em cavalete.

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