segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Cavalinho

Carroça, vermelho desbotando
parou na porta da venda parda.
sobre seu estrado, papelão.
Cavalinho pensa em seus arreios.
Mascarado, uma pata erguida
rumina uma cisma de tresantontem.
Seu rabo automático espanta
idéias e lampejos sonolentos.
Sob suas ventas a placa:
“Carvão dez real”
Não tem mais graça.
Lá dentro um estalo de pinga.
-arré fiadaputa!
Meia talagada demais de cedo.
Cavalinho meneia o cabeção moço, mas desistido.
O outro evém la de dentro zureta.
Braguilha quase aberta,
Chinela desbeiçada, mas no eito.
No peito estampa de política:
“Justiça, igualdade e responsabilidade”.
Pangaré não se engana com açúcar,
mas também não vota. –Diantanada!
Prefere andar na vazante.
Puxa o mundo nos lombos.
Mas não atina, é cavalo.

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