segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Experiência

Amanheceu completamente
e o mesmo sol veio descansar
em minha janela desbotada
de seu ofício de quarar
lençóis e fronhas que de ontem
destilam sonhos amarelados.
Lanço mão aos esquecidos
em minha gaveta emperrada
uma fita cassete e uma caneta rota
ainda se tocam fraternalmente.
Dentro, alguma canção engasgada
guarda verbos antigos
desbotados pelo desuso.
Eu, como a jaqueira sonolenta,
Envileço.
Ela é como um ferro a brasas
bonito, serve pra decorar.
Jaqueira estúpida.
Beijos e rubores juvenis
sobem com uma brisa
de odores fugidios.
Onde foi parar aquele viço,
aquele gosto de aventura.
Acho que já aprendi tudo.
A novidade é enfadonha.
Séculos e séculos de experiência
me cansam mortalmente,
poitei na curva,
espero o último rebojo.

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