segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O encontro

Encontrei a poesia,
o lirismo, a verdade,
o absoluto.
Encontrei Deus.
Sob denso matagal
um rego d’água cochicha,
vestido de areia branca.
No barranco,
bosta de minhoca arribava.
Em maravilhoso surround
um passarinho amarelo profetizava.
-Furuli! Furuli!
Coisa de muita lonjura, mas certeiro.
Uma pedra negra vestida de limbo
mudou-se para aquele canto, e ele mesmo
o limbo era densa floresta.
Carazinhos se escondiam no lodo.
Bambuzeiro, uma perereca de butuca,
embaúba e um rola-bosta carrancudo.
Maravilhosa desordem,
perfeito emaranhado de cipós,
talos e troncos cobertos de viadutos para formigas pretas.
Um besouro obtuso varria o quintal.
Toscanejando num pau podre, sua janela,
um coró cabeçudo reluzia.
Havia uma certeza:
Não somos necessários.
A consciência embrutece.
Retornarmos ao pó talvez seja nossa única grandeza.
Preciso ver os emails.

Nenhum comentário:

Postar um comentário