sábado, 25 de julho de 2015

Joalheiro

Há por certo muitos Raimundos,
mas um, notório por não existir de fato
posto que inventado, sua voz é fado.
E deste que falo é sem rima
por sobrenome Batista, prima
barbear menos, que por contar causo.
Em Pedro Gomes, reza que assistia
seu ofício de navalha, tesouro e pia
embora montasse melhor em inventos,
com cela e arreios, nos lombos da fantasia.
Havia quem lhe cresse a porfia, como eu,
menino de antanhos , camafeu que ouvia.
Era por sombra de antigamentes que se dava
causo de onça assombrosa que morreu
ou lobisomem, - E inté arma penada!
Dai quem temia era o menino eu
que no embaixo, assuntoso idéiava.
Em seu confessório tosquiava gentes
que ovelhavam aquele mundaréco,
sempre planejando escapadas capitais,
posto que eram sonhos e venturas
que merejavam as ruelas abissais.
Eu lá, meninava um ouvido desconfiado,
aprendendo a embolorar palavras
que ainda hoje, daquele tempo alijado
recolho pedras de antigas lavras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário