sexta-feira, 17 de julho de 2015

O ninho

Uma velho caminhão obtuso passa branco.
Sua ignorância das crias é pressentida
e as cabeças não se movem por ele,
no entanto, a bicicleta com um menino vermelho
gira as parabólicas cheias de olhos sob a grama,
mas o arreceio desvanece, e o casal segue sua prosa.
Em corujês, tudo se diz com olhares ruidosos
em amarelo, perspintado por manchinhas pretas
e a bola 
que sabe tudo olhosa no meio , assente.
Estão emburacadas ali em sua casa chão faz pouco,
causo que já conheciam o lugar de im'antes da praça,
do homem-pedra, do chão preto e daquele vum que vum que vai e é'vem.
Plantaram naquele buraco antigo quatro sementes
das quais vingaram três, mode que uma adubou.
Sabedoria de coruja não tem lágrima
porque o que é'vem, é'vai do mesmo modo o dom,
tanto quanto o vento que ensina as estações.
Cá, vejo elas fingindo ninho num mourão triste,
que é assim o modo delas desorientar:
"Ausência é silêncio bem explicado,
serve de cuidado dobrado".
Provérbio corujal que todas sabem.
-Inté lá na escola delas é regra viu seu moço!
Hum hum! (Que esse sou eu assuntando).
Veio-me à memória os óculos, a régua,
a gravata e o chapéu do professor coruja.
-Escolei uma lição de buraco e cuidado hoje! Perspensei.
-Coisas que im antes sinhor nem devia de saber!
-Nunca se sabe quando tem percisão de ninho né?
-Hum hum! (Corujei mode encerrar, a prosa ia lerda).

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