terça-feira, 17 de maio de 2011

Lineu Silva.

Ninguém mais tem noticias do cidadão,
e toda aquela sua contumaz integridade.
Os de cima os chamam “trabalhadores”,
como se trabalhadores fosse uma categoria, uma classe.
Mas eles sumiram. Tornaram-se um folhetim.
Agora todos rosnam ante a presa abatida,
ninguém mais se lembra da honra,
do bom nome, dos princípios.
Os de baixo, enquanto não podem subir,
vão pisando um sobre os outros,
jogando papel na rua,
oferecendo dinheiro que não têm,
pra se livrar de multas e tropeços.
Quem se importa com o vizinho?
“O próximo” é apenas um eufemismo,
uma idéia absurda de outro Maluco.
Precisamos apenas comprar alguma coisa,
em algum lugar, por qualquer motivo.
Nos reunimos em nosso pequenos bandos,
cada um com sua bandeirinha,
lutando pelo dinheirinho nosso de cada dia.
E tudo esta a venda.
Os dedos, os dentes, o fígado, o nome,
a alma, os filhos, a fé...
Ninguém mais é como o Lineu,
Irredutível em sua vidinha banal,
Trivial em sua vidinha ordinária.
Acho que precisamos do Lineu la no palácio,
com a dona Nenê na economia.
E do jeito que está a casa da mãe Joana,
o Agostinho seria uma excrescência.
(E neste caso o nepotismo é perdoável).
coisa típica da ilha de Cabral.
Mas acho que o Lineu não aceitaria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário