segunda-feira, 23 de maio de 2011

O mendigo.

O amor é uma ilusão
tão intenso como uma chama
que arde sôfrega e tudo consome
até extinguir-se a si mesma.
O amor é como uma brisa leve,
uma lufada de alegria e regozijo,
que depois de passado o júbilo,
repousa no chão como uma pena molhada.
Sim! O amor é um engano,
uma lareira cheia de cinzas de ontem,
um floco de neve ao sol.
Um menino que fita o éter
mas no fim, é só um pássaro preso
numa mancha de óleo...
Ele vem como uma tempestade furiosa,
em arroubos juvenis de granizo e trovões.
Retorce árvores, inunda cidades,
transtorna vales e homens
e depois arrefece
como um filhotinho assustado.
Irmão da dor, andam de mãos dadas
em detestável lascívia incestuosa.
Sim! Eu afirmo e atesto:
O amor é entorpecimento, é vaidade.
ele embriaga, tonteia e nos surra.
Mas essa bravura, esse furor não permanece.
No perau profundo, nos grotões,
no recôndito de oceanos anímicos
ele dorme seu sono de ogro.
com sua boca aberta, ventre inchado
por embebedar-se continuamente,
com a vinha do desespero.
Com as mãos cheias de nomes
e fotografias desbotadas de moços e velhos,
ele está quieto como o Vesúvio.
Em breve verterá desprezo e vertigens.
O amor é bonito nos livros e nas telas.
Bebida fina de tolos e poetas trôpegos.
O amor é um mendigo vetusto,
Metido em seus andrajos de sobriedade.

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