segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Rola-bosta

O coprófago não sabe
Sua importância, seu valor municipal.
Ele segue rolando sua cama de antanhos.
Obra de nobres vereadores, magistrados, pedreiros
quem sabe de um imortal, uma miss.
Pensando bem, miss é provável que não!
Sua célebre cauda não se arreganha no mato.
E segue o escaravelho em seu vestuto ofício
de rolar seu insólito berço,
sem ninguém para lhe reclamar a obra,
porque isso é coisa de que o autor não diz: É minha!
Essa cria se atribui sempre ao outro.
Seus ancestrais rolaram nobres toletes,
De faraós, búfalos de Basan, camelos Reais...
Mas todos tratados com sobriedade e discrição.
Não faz o escarabeu, acepção de estrume.
Impassível, deposita seu ovo confiante,
Seu herdeiro logo vem comer-lhe a obra,
Sem super faturamento, sem comissão,
Esse engenheiro, capitão de bostas,
com sua sabedoria de milênios,
alimenta sua prole, e sulca a terra.
Para produzir-lhe sempre mais ervas,
Como lhe prescreveu o Sábio construtor
que alimentará os bois, os deputados,
os senadores, os alcaides e toda sorte de bichos
de igual monta, e utilidade,
Para vir-lhe servir as gerações
Com estrume e continuidade...

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