terça-feira, 12 de abril de 2011

A metralhadora amarela

Metralhadora amarela.
obtuso brinquedo esquecido.
Ela não é como o sisal,
ou como um vôo de borboleta.
Ela não é como um cacto
que permanece solitário,
com seus braços estendidos
e os dentes à mostra.
Mas quando desprezada,
Passou às mãos de outro menino,
Que usava sua inutilidade,
para matar outros amigos,
Aos quais eu nunca ousara.
Nem os conhecia de fato.
De dentro do meu cercado,
onde minha mãe me guardava
Via minha metralhadora.
Reluzente agora, seu amarelo canário.
Minha arma repudiada.
Como era doce o som do meu dedo
sobre seu gatilho de plástico.
Como era terno ver meu irmão
caído sob sua saraivada enquanto eu gritava.
Ratatatata...Ratatatata... Ratatatata...
Agora por detrás do alambrado,
vejo meu irmão de fato
com a alma esticada, erguida
sua bandeira da paz.
Ele sempre foi mais corajoso que eu.
Sempre aceitava ser o bandido.
Mas sucumbiu aos tiros que eu lhe dava.
Meu irmão que me amava,
Minha alma estanque, seca...
Metralhadora de nada

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