terça-feira, 26 de abril de 2011

A DOR.

Quando ela vem de seu conventículo,
de suas trempes, de seus cacos.
Quando ela vem com seu cheiro de bolor,
com sua cabeleira desgrenhada, unhas negras,
com seu pelo hirsuto, sua cara suja.
Nada a anuncia. Nem vento, nem carta
ou seu cheiro acre, seus emissários mudos.
Ela é silenciosa como um peixe.
Chega sorrateira, macia.
Vai entrando nosso mundo adentro,
se instalando, botando a mão em tudo.
Quando ela chega, nada nos basta,
Amigo, parente,doce, afago, sexo.
Nada.
Ela é suficiente, ela nos basta.
Ela nos quer inteiros.
Mente, corpo, alma, desejo.
Uma mulher possessiva, etérea, mas vívida.
Palpável, com sua sudorese do Sheol
Ela não admite distrações.
Toma-nos pela mão
e nos conduz ao seu limbo palpitante.
E ali somos aviltados em tudo.
Não há defesa, não há saída.
Quando ela se vai,
deixa seu veneno diáfano em nós.
Vez por outra, lateja dentro.
Lembra-nos de sua posse
E calamos ante seu domínio.
Sua égide transcendental,
Seu reino universal.

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