terça-feira, 5 de abril de 2011

O santo e o profano

Profanas são as coisas, todas
os utensílios
as sagradas todas, coisas
a vaca, o presépio, o propósito
a casa, o tatame, o altar
a faca, a bacia, o sangue
onde se lavar, o mangue.
é santo o lagar
o barro, o trigo, a água
o frio enxágüe, o quarar.
O pranto o gozo, o tragar
a posse, o desejo, o querer,
tudo é santo
pra se profanar.
O pão que como, o vinho
o examinar, o posto
que debalde, quero deixar.
o gesto, o pulso, o olhar
A polução, a cópula.
A ira que quero odiar.
É santo, é profano o falar
o fazer, o cozer, o pensar
toda obra, toda mácula, o pesar
quem me vê, quem me quer profanar
tudo em todos, e tanto tem
que o verbo julgar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário