quinta-feira, 15 de maio de 2014

Natural

Em passando por um grotão antigo
dei contemplamento na atividade d'água.
Brotava entre as folhas da capituva
um tingindo de luz amarelante
que cheirava a domingo de manhã.
Ali naquele povoejo é sabido im'antes
que quando vem o sol tenente de brilho,
o mato fica festim e acolhe grilos
e se resfestejam calangos esverdejantes.
O natural sempre anela um pé de sonho na gente
e isso vem desde dantes do homem estar.
Tudo que rasteja ou avoa é querente
com serventia pra alegrar a vista.
Bicho grande come o pequeno mas é lei
e não tem rancor nem querela no ancho.
A bazófia do joão de barro matinal
faz a gente querer estar sempre vivo
mode ver as pernotas hesitantes dele.
Que ele vem no chão minhocar o almoço
mas ta sempre de olho nos viventes...
...
Tapera é coisa de muito luxo hoje
porque o mundo transvirou em asfalto,
mas o joão pernoita é em barroquinha
que ele engenhou em barro amarelo torto,
mode o tucano que vem roubar ovo na certeza.
Tucano é desprovido de humanidade
e come os filhotes de quem descuida a cria.
Mas gente é mais pretendida em maldade,
e tucano nem pega beira com o tino nosso.


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