terça-feira, 13 de maio de 2014

Outro lado

Zé Piloura era um cabra de maus arreios
sempre com um cuidar rasteiro no olhar
e no branco do zói um agouro, um expectar.
Na boca um sorrizoto rastejante e indeciso
mode desdenhar um qualquer desconcerto.
No trato taciturno pouca fala na voz de tronco,
um arremedo de bugiu chamando chuva.
Mas tinha lá no quengo qualquer sombra
que se traduzia em perguntas engolidas feito caroço
quando a prosa pegava o rumo do céu e seus etéreos.
Ensimesmado não aluia com o divino
mas tinha seus arreceios da monta das virtudes.
No acontecido do tamanduá que cercou compadre
escarneceu da prosa e cusparou um desdém.
-Água que recorre transcorre cumpadi! O Vardi recitou.
-Caçoa não que évem e revém! Deus faz prova!
No recorrer do tempo deu semelhança o caso
e o bandeira trasmudou o normal do medo de homem
numa curva onde a lua estava inchada de vermelho.
Evai évem o Zé, e o bicho não arredava do intento.
Bala comeu no centro, pipocou a porva no ar indeciso.
Mas a coisa descoisou em lusco fusco e sucedeu o nada.
Zé Piloura agourou o compadre que ensinou-lhe o assomo.
Porque do mundo das coisas que trasmudam o corrido comum
é que o temor se veste e reveste de certezas e silêncios.

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