quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Poema de Agosto

Em Agosto as arvores empoemam,
tecem manhãs e tardes cor de palha
em suas folhas já quase despertas.
Os dias transcorrem ventanosos,
e em seu ofício Agostino de sacudir,
deixam atrás de si poeira
e caras franzidas por excesso de luz e pó,
Uma luz estralada, estridente.
As chuvas quando vêem temporãs
são anunciadas por um leve cheiro
de roupas quaradas
e vozes de lavadeiras míticas.
Em agosto todos os ventos se vestem
de copiosas danças pluviais
e arranjam as touceiras de cana secas pela geada.
O dono do redemoinho assovia
chamando outros agouros de Agosto.
Juntos planejam enlouquecer os cães,
assombrar os parvos e fazer sonhar
meninos que sobem árvores.
Em Agosto não é bom casar,
mas é sem regra amasiar, embolar...
Quem tem sorte de nascer ai
vira artista ou louco.(o que é a mesma coisa)
Em agosto as flores brotam Cecílias,
Manoéis alados e Drummonds aquáticos gotejam.
Os alagados se enchem de Jobims, Rosas,
Borges e outros bichos da estação.
Tenho Agostos dentro de mim
brotando como orelhas de pau.
Em Agosto sou fecundo, sou vala
Sou terra apodrecendo de amor.

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